Chile
Arquipélago de Chiloé: um tesouro pouco explorado do sul do Chile
Já pensou em conhecer um lugar com paisagens incríveis, cultura viva e história preservada? E melhor ainda: um destino autêntico, longe do turismo de massa. Se é isso que você procura para a sua próxima viagem, então encontrou: o Arquipélago de Chiloé, guardião das igrejas de madeira que são Patrimônio Mundial da UNESCO.
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2 meses atrásno

Os encantos do Arquipélago de Chiloé: natureza, tradição, igrejas de madeira e muitas histórias para se conhecer
Localizado no sul do Chile, essa remota região é, de fato, um mosaico vibrante que combina cultura, história e paisagens naturais deslumbrantes. Assim, este conjunto de ilhas, liderado pela Ilha Grande de Chiloé e sua capital, Castro, convida os visitantes a explorar suas ricas tradições, ecossistemas únicos e, ainda, sua arquitetura singular.
Dentre tantas maravilhas, se você busca um lugar fora do usual e que lhe surpreenda e encante, mergulhe conosco nesta viagem por Chiloé, uma terra onde a magia e a realidade se misturam.
As pequenas ilhas e as coloridas casas sobre palafitas trazem um visual diferente; por outro lado, as comunidades locais mantêm vivas tradições ancestrais. Os chilotas dizem que quando chega a noite se submergem com o despertar de seres mitológicos que lá habitam e não existem!
Quando estivemos lá pela primeira vez, vivenciamos, sem dúvida, uma oportunidade única de explorar algumas ilhas do Arquipélago de Chiloé. A cada travessia, a natureza generosa, as mudanças entre as ilhas e, especialmente, a descoberta das igrejas de madeira nos encantavam ainda mais.
Essas igrejas, com suas histórias singulares e construções comunitárias, despertavam nosso fascínio a cada visita. Desta forma, a cada ilha e sua igreja visitadas geravam uma grande expectativa para a próxima descoberta, tornando nossa experiência ainda mais inesquecível.

A fascinante história do Arquipélago de Chiloé
Chiloé vai muito além de ser apenas um conjunto de ilhas: é um verdadeiro livro aberto, repleto de histórias, lendas e tradições. Desde os tempos pré-colombianos até a chegada dos espanhóis, cada era, sem dúvida, deixou sua marca nesse território singular. Assim, as influências indígenas e europeias se misturaram de maneira fascinante, criando uma cultura única e cheia de significado.
Herança Cultural e Arquitetônica: uma das maiores expressões dessa fusão cultural está na arquitetura das igrejas de Chiloé, construídas entre os séculos XVIII e XIX. Erguidas quase exclusivamente em madeira nativa, como cipreste das Guaitecas, alerce, coigüe e tepa, essas joias arquitetônicas se adaptam de forma harmoniosa ao ambiente natural do arquipélago. Por outro lado, resistem bravamente ao tempo e à chuva, preservando em cada viga uma história de fé, engenhosidade e talento artesanal.
Além disso, suas estruturas, que muitas vezes lembram cascos de barcos invertidos, refletem a tradição naval local. Por sua vez, os encaixes perfeitos, sem o uso de pregos de ferro, evidenciam o saber transmitido de geração em geração pelos mestres carpinteiros.
Significado Cultural e Espiritual: assim, as igrejas não são apenas monumentos arquitetônicos; na verdade, cumprem também uma função social essencial. De fato, elas atuam como centros de vida comunitária, expressando a profunda espiritualidade do povo chilote e, além disso, fortalecendo os laços entre as comunidades locais.

Igrejas de Chiloé: um Patrimônio Mundial Unesco
Por esse motivo, reconhecidas como Patrimônio Mundial pela UNESCO, essas igrejas simbolizam a perfeita fusão entre as tradições católicas europeias e as técnicas construtivas indígenas. Mais do que isso, visitá-las é, na verdade, uma imersão na história, na identidade e no modo de vida de Chiloé.
Estratégicas e poéticas, muitas torres foram erguidas próximas ao mar. Serviam como referência para as embarcações, funcioinando como “farol” aos navegantes. Por isso, a preservação dessas práticas tradicionais é fundamental para manter viva a identidade cultural chilota, em equilíbrio com a natureza e a tradição.

A exuberante fauna e flora do Arquipélago de Chiloé
A biodiversidade de Chiloé é impressionante, com uma variedade de espécies endêmicas. A observação de pássaros e baleias são atividades populares entre os visitantes. As florestas e as praias oferecem um cenário perfeito para os amantes da natureza.
É possível encontrar pinguins das duas espécies: Pinguim-de-Magalhães e Pinguim-de-Humboldt. Estes pinguins são atrações para os visitantes do arquipélago, especialmente para aqueles interessados em vida selvagem e natureza.
Aventuras ao ar livre, como trilhas, observação de aves e passeios de barco, revelam a beleza indomável deste lugar mágico.
Geografia e Clima: o Arquipélago de Chiloé destaca-se por sua geografia única, com uma mistura de praias, florestas e colinas. O clima é predominantemente úmido, o que contribui para a exuberância de sua natureza.

Observação dos Pinguins em Chiloé: um destaque a parte
Temporada de Reprodução: a melhor época para observar pinguins em Chiloé é durante a temporada de reprodução, que geralmente ocorre entre os meses de novembro a março. Durante este período, os pinguins vêm à terra para acasalar, nidificar e criar seus filhotes.
Melhores Locais para Observação: um dos locais mais conhecidos para observar pinguins em Chiloé é o Monumento Natural Islotes (ilhtas) de Puñihuil, localizado na costa noroeste da Ilha Grande de Chiloé. Este é um dos poucos lugares no mundo onde é possível encontrar tanto o Pinguim-de-Magalhães quanto o Pinguim-de-Humboldt coabitando.
Tours Guiados: existem tours guiados disponíveis que levam os visitantes em barcos até as proximidades das ilhotas onde os pinguins se reúnem. Estes tours não só oferecem a oportunidade de ver os pinguins de perto, como também fornecem informações educativas sobre a vida e o comportamento dessas aves.
Preservação Ambiental: É importante lembrar que os pinguins e seus habitats estão protegidos. Os visitantes devem seguir as orientações dos guias e manter uma distância respeitosa, evitando perturbar os animais.

A Gastronomia do Arquipélago de Chiloé
A culinária chilota é um reflexo da história e geografia do Arquipélago, espelhando um ambiente fértil e generoso. Pratos à base de frutos do mar e batatas são apenas o começo de uma aventura gastronômica que aguça todos os sentidos.
Um dos pratos típicos é o curanto, que combina frutos do mar, carnes e vegetais cozidos sob a terra em pedras quentes. Prato que captura a essência da culinária local rica em sabores e tradições.
Comemos muitos peixes, camarões e frutos do mar, muitos endêmicos que elaborados com receitas ancestrais, tornaram-se espetáculos gastronômicos, inesquecível.

Festividades e tradições locais do Arquipélago de Chiloé
As festas tradicionais no Arquipélago de Chiloé mesclam o cultural, o religioso e as lendas locais. Muitas festas incluem trajes típicos, música, apresentações de dança e a gastronomia local, com uso de ingredientes locais.
São destaques o curanto, descrito anteriormente, além da chochoca, uma massa de batatas cruas raladas e espremidas misturadas com batatas cozidas e assadas no fogo, presa a um grande espeto em forma de rolo de massa, conhecido como espeto de chochoquero. Esses festivais também funcionam como exemplos de união para a comunidade, fomentando um sentimento de coesão e orgulho entre a população local.
São exemplos destas festividades: La Minga, uma celebração do espírito comunitário, onde são realizados trabalhos conjuntos, acompanhados de festa e alegria, evidenciando a importância da solidariedade chilota, a Semana de Chiloé e a Fiesta del Curanto que revelam a diversidade cultural e gastronômica, com competições de barcos, música e danças proporcionando uma experiência cultural típica.
Quando chegamos à comuna de Dalcahue, onde vimos a primeira igreja Patrimônio Unesco, “Iglesia de Nuestra Señora de los Dolores”, a cidade comemorava “estranhamente” o Halloween; uma festividade de origem estrangeira, à qual foi incorporada um toque local peculiar. Uma mistura do tradicional com o novo, onde crianças e adultos se fantasiam e percorrem as ruas com fantasias relacionadas às lendas e à rica mitologia chilotas.
Cada festa em Chiloé é um convite para um mergulho em suas tradições ancestrais, descobrindo a profunda conexão da comunidade com sua terra, história e crenças.

Quando visitar
A melhor época para visitar esse pedacinho do paraíso chileno varia conforme o que você busca. Chiloé é um destino que cativa em qualquer estação, cada uma oferecendo uma experiência distinta, desde o calor do verão, as atrações mais vazias das meias estações, até a paisagem misteriosa do inverno.
Dica importante: ter em mente que de maio a setembro, muitos hotéis fecham para manutenção, restaurantes fecham por falta de movimento e alguma atividades podem não estar disponíveis! Faça uma escolha consciente, pois o barato pode sair caro.
Dica especial: pensar em incluir em seu roteiro: o avistamento de pinguins na Enseada Puñihuil. Localizada a apenas 25 km de Ancud, essa área abriga o Monumento Natural Ilhotes de Puñihuil, onde, entre novembro e março, você tem a chance única de observar pinguins em seu habitat natural.

Verão (dezembro a março)
O verão em Chiloé é a época perfeita para quem busca aventura e cultura sob um clima quente e seco, com temperaturas variando de 11°C a 19°C. Neste período, a ilha se transforma no destino ideal para explorar suas praias deslumbrantes, parques nacionais ricos em biodiversidade e para se aventurar em atividades ao ar livre como caminhadas e passeios de barco. Os visitantes podem mergulhar na cultura vibrante do Arquipélago de Chiloé, participando de festivais locais que celebram a música, dança e gastronomia tradicional, tornando o verão a alta temporada turística por excelência.
Outono (abril a junho) e Primavera (setembro a novembro)
Estas estações são marcadas por temperaturas mais amenas e um aumento das chuvas, especialmente no outono. A paisagem se transforma, oferecendo belos cenários para fotografia. Com menos visitantes, você terá a chance de explorar o arquipélago de maneira mais tranquila e autêntica. A transição das estações traz mudanças na flora e na fauna, ideal para quem gosta de observar a natureza.

Inverno (julho a setembro)
O inverno é a estação mais fria e chuvosa, com temperaturas que podem cair abaixo de 5°C. É a época com o menor número de turistas. Para quem não se importa com o frio e a chuva, o inverno oferece uma experiência única, com suas paisagens envoltas em neblina e a oportunidade de vivenciar a vida local de maneira distinta. Ainda é possível participar de atividades culturais e desfrutar da gastronomia local, especialmente os pratos quentes típicos da região.

Onde se hospedar
Não são numerosas as ofertas de hospedagem no arquipélago, no entanto, tem para todos os gostos e bolsos. Nossa opção foi o Enjoy Chiloé Hotel de la Isla, um 4 estrelas, bem perto do centro da capital Castro. O Hotel possui cassino, um restaurante peruano excelente, La Cevichería, spa, jacuzzis em um deck com vista para o mar, piscinas aquecidas entre outras comodidades.

Para quem deseja algo um pouco mais econômico, mas com conforto, uma opção é o Hotel Castro, no centro da Capital.
Dica especial: para quem deseja tonar a viagem a Chiloé memorável em todos os sentidos, vivenciar uma experiencia fora de série e pode pagar valores bem mais substantivos, a dica é se hospedar no Tierra Chiloé, com sistema All inclusive. Com certeza essa opção vai elevar a viagem a outro patamar e facilitar a movimentação entre as ilhas, pois o Hotel oferece passeios em embacação pópria destinada aos hóspedes.

O Arquipélago de Chiloé é um destino na Patagônia que cativa corações e mentes com sua mistura única de cultura, natureza e história. A magia de Chiloé não está apenas em suas paisagens ou em suas igrejas de madeira, mas sim no espírito acolhedor de seu povo e nas tradições que tecem a malha da vida cotidiana. Chiloé não é apenas um lugar para visitar; é uma experiência para viver, amar e lembrar. Conheça nosso roteiro para Chiloé.
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